Que maioria é essa?
Amigos, na iminência de mais uma assembleia dos profissionais da
educação, aproveito para pontuar algumas considerações: Estive presente no dia
de ontem (domingo 07/06) na reunião de um dos 29 núcleos sindicais que fazem
parte da APP-Sindicato.
A intenção era de comparecer e realizar a “fala” pela suspensão da greve,
uma vez que entendemos que houve um intenso trabalho da APP, dos deputados da
oposição ao governo e até mesmo dos deputados que integram um grupo, autodenominados
de “independentes”, o líder do governo e o presidente da ALEP. Não esquecendo que os maiores
lutadores são os professores que se mantém presente em todos os atos públicos, realizando passeatas e protestos de todos os
tipos.
A proposta salarial construída não satisfaz a categoria, mas certamente
vem num momento em que a greve começa a sofrer críticas da mídia e da
comunidade em geral.
No início da reunião a representante da APP, Marlei, fez um balanço da
proposta apresentada e dos demais pontos que foram debatidos na ALEP,
principalmente da retirada de pontos que prejudicavam ainda mais a categoria,
como a data-base retornando para maio/2017 e congelamento da carreira do
magistério. Mas de qualquer forma a professora Marlei não se posicionou contra
ou a favor de suspensão da greve, deixando claro que quem definirá o fim ou não
da greve seria a categoria na assembleia geral.
Em seguida o presidente do núcleo em questão, posicionou-se favorável a
manutenção da greve. Explicando que não concordava sobre a proposta apresentada
e que no seu entendimento deveria haver uma continuidade da greve, inclusive
para questionamentos sobre os recentes aumentos de impostos? E também defendeu
que só deveria haver o retorno após a aprovação da proposta pelos deputados e
governo? Mas se a própria representante da APP, afirmou que a proposta não era
satisfatória?
Entendo perfeitamente que a proposta não representa a reposição da
inflação no período, mas também não entendo que a greve deva continuar para
debater e expor aumento de impostos? Senti que é muito fácil com discursos
inflamados, fazer com que pessoas se posicionem sem refletir e desta forma a
emoção toma conta da razão.
Fiz minha fala após três ou cinco pessoas já haverem discursado e todos
solidários ao presidente do núcleo, ou seja, pela manutenção da greve. Percebi naquele
momento que a imensa maioria que ali estava era pela manutenção da greve. Mas
mesmo assim, com receio de ser vaiado, discursei pontuando:
Nosso movimento conseguiu derrubar a popularidade de um governo
extremamente omisso e incompetente administrativamente, ou seja, mostramos para
a sociedade que algo está errado e que falta de tudo no ambiente escolar e até
mesmo em outras secretarias. Onde foi parar o dinheiro do Paraná?
Houve sim o pagamento de promoções e progressões, no mês de maio aos
servidores do Quadro Próprio do Executivo (QPPE), pois sou testemunha ocular
disso.
Houve sim um achaque aos recursos da nossa previdência, mas que neste
momento a melhor forma é buscar a justiça.
Houve sim um massacre no dia 29 de abril, mas que por mais que tenhamos
sido feridos, a continuidade da greve não fará a ferida cicatrizar mais rápido,
colegas, filhos, alunos e servidores em geral foram atingidos pelo massacre e
não somente os professores. Este massacre não deverá ser esquecido jamais!
Contudo além de não se esquecer desta data a aula de cidadania, direitos e
abuso de autoridade deverá ser a tônica no retorno às aulas.
Derrubamos um secretário da educação, um secretário da segurança e um
comandante, pessoas que com certeza não merecem nosso respeito, pois foram
aliados a um ato covarde contra quem estava num local apenas reivindicando seus
direitos.
A proposta do governo com certeza não satisfaz. Entretanto um meio termo
deve ser levado em consideração, pois sou professor e também me preocupo com
meus alunos e diferente de muitos sou um “romântico” ainda gosto e muito da
profissão que abracei, ou seja, gosto de estar com meus alunos, gosto de estar
na sala de aula, não quero dizer com isso que trabalho somente por amor.
Costumo dizer aos meus alunos “não dou aulas, vocês pagam para isso”,
assim recebo um salário e sou um trabalhador da educação, quero sim um salário
digno além do reconhecimento pelas aulas que ministro.
Finalizando deixei claro que, neste momento é uma questão de estratégia, retornarmos e que jamais
devemos pensar que voltar a sala de aula significa derrota, pois é voltando que
mostraremos à comunidade escolar nosso reconhecimento pelo apoio que recebemos
e que também temos responsabilidade na questão de ensinar aos nossos alunos que
há um momento para recuar, mas que se for preciso retornamos com toda força na luta!
Agora da reunião o que me pareceu triste é que muitos estão intencionados
a não terminar a greve, pois ainda sentem-se magoados, feridos e desconfiados
com o governo.
Finalizando, se naquele local estava uma maioria que defende a
continuidade da greve, levada pela palavra de alguém que desde o início de sua
fala defende isso, e que essa maioria é amiga, companheira desse alguém, tem
relações políticas e pessoais com esse alguém, como ir contra? Somente eu
apresentei proposta contrária? E mesmo assim fui aplaudido em vez de vaiado.
Hoje vi pelo noticiário, que amanhã dia 09/06 haverá a assembleia que a
MAIORIA decidirá pelo fim ou não da greve. Que maioria estará lá presente? A
razão ou a emoção?
Em respeito aos meus alunos digo que ESTAREI PRESENTE NA ASSEMBLEIA E
VOTO COM A RAZÃO EM RETORNAR ÀS AULAS. A EMOÇÃO será o que me
motiva a continuar na luta e realizar outras formas de protestos sem que os
prejudique ainda mais no quesito EDUCAÇÃO.
Rodrigues
08/06/2015.