segunda-feira, 8 de junho de 2015

QUE MAIORIA É ESSA?

Que maioria é essa?   

Amigos, na iminência de mais uma assembleia dos profissionais da educação, aproveito para pontuar algumas considerações: Estive presente no dia de ontem (domingo 07/06) na reunião de um dos 29 núcleos sindicais que fazem parte da APP-Sindicato.

A intenção era de comparecer e realizar a “fala” pela suspensão da greve, uma vez que entendemos que houve um intenso trabalho da APP, dos deputados da oposição ao governo e até mesmo dos deputados que integram um grupo, autodenominados de “independentes”, o líder do governo e o presidente  da ALEP. Não esquecendo que os maiores lutadores são os professores que se mantém presente em todos os atos públicos,  realizando passeatas e protestos de todos os tipos.

A proposta salarial construída não satisfaz a categoria, mas certamente vem num momento em que a greve começa a sofrer críticas da mídia e da comunidade em geral.

No início da reunião a representante da APP, Marlei, fez um balanço da proposta apresentada e dos demais pontos que foram debatidos na ALEP, principalmente da retirada de pontos que prejudicavam ainda mais a categoria, como a data-base retornando para maio/2017 e congelamento da carreira do magistério. Mas de qualquer forma a professora Marlei não se posicionou contra ou a favor de suspensão da greve, deixando claro que quem definirá o fim ou não da greve seria a categoria na assembleia geral.

Em seguida o presidente do núcleo em questão, posicionou-se favorável a manutenção da greve. Explicando que não concordava sobre a proposta apresentada e que no seu entendimento deveria haver uma continuidade da greve, inclusive para questionamentos sobre os recentes aumentos de impostos? E também defendeu que só deveria haver o retorno após a aprovação da proposta pelos deputados e governo? Mas se a própria representante da APP, afirmou que a proposta não era satisfatória?

Entendo perfeitamente que a proposta não representa a reposição da inflação no período, mas também não entendo que a greve deva continuar para debater e expor aumento de impostos? Senti que é muito fácil com discursos inflamados, fazer com que pessoas se posicionem sem refletir e desta forma a emoção toma conta da razão.

Fiz minha fala após três ou cinco pessoas já haverem discursado e todos solidários ao presidente do núcleo, ou seja, pela manutenção da greve. Percebi naquele momento que a imensa maioria que ali estava era pela manutenção da greve. Mas mesmo assim, com receio de ser vaiado, discursei pontuando:

Nosso movimento conseguiu derrubar a popularidade de um governo extremamente omisso e incompetente administrativamente, ou seja, mostramos para a sociedade que algo está errado e que falta de tudo no ambiente escolar e até mesmo em outras secretarias. Onde foi parar o dinheiro do Paraná?

Houve sim o pagamento de promoções e progressões, no mês de maio aos servidores do Quadro Próprio do Executivo (QPPE), pois sou testemunha ocular disso.
Houve sim um achaque aos recursos da nossa previdência, mas que neste momento a melhor forma é buscar a justiça.

Houve sim um massacre no dia 29 de abril, mas que por mais que tenhamos sido feridos, a continuidade da greve não fará a ferida cicatrizar mais rápido, colegas, filhos, alunos e servidores em geral foram atingidos pelo massacre e não somente os professores. Este massacre não deverá ser esquecido jamais! Contudo além de não se esquecer desta data a aula de cidadania, direitos e abuso de autoridade deverá ser a tônica no retorno às aulas.

Derrubamos um secretário da educação, um secretário da segurança e um comandante, pessoas que com certeza não merecem nosso respeito, pois foram aliados a um ato covarde contra quem estava num local apenas reivindicando seus direitos.

A proposta do governo com certeza não satisfaz. Entretanto um meio termo deve ser levado em consideração, pois sou professor e também me preocupo com meus alunos e diferente de muitos sou um “romântico” ainda gosto e muito da profissão que abracei, ou seja, gosto de estar com meus alunos, gosto de estar na sala de aula, não quero dizer com isso que trabalho somente por amor. Costumo dizer aos meus alunos “não dou aulas, vocês pagam para isso”, assim recebo um salário e sou um trabalhador da educação, quero sim um salário digno além do reconhecimento pelas aulas que ministro.

Finalizando deixei claro que, neste momento é uma questão de estratégia, retornarmos e que jamais devemos pensar que voltar a sala de aula significa derrota, pois é voltando que mostraremos à comunidade escolar nosso reconhecimento pelo apoio que recebemos e que também temos responsabilidade na questão de ensinar aos nossos alunos que há um momento para recuar, mas que se for preciso retornamos com toda força na luta!

Agora da reunião o que me pareceu triste é que muitos estão intencionados a não terminar a greve, pois ainda sentem-se magoados, feridos e desconfiados com o governo.

Finalizando, se naquele local estava uma maioria que defende a continuidade da greve, levada pela palavra de alguém que desde o início de sua fala defende isso, e que essa maioria é amiga, companheira desse alguém, tem relações políticas e pessoais com esse alguém, como ir contra? Somente eu apresentei proposta contrária? E mesmo assim fui aplaudido em vez de vaiado.

Hoje vi pelo noticiário, que amanhã dia 09/06 haverá a assembleia que a MAIORIA decidirá pelo fim ou não da greve. Que maioria estará lá presente? A razão ou a emoção?

Em respeito aos meus alunos digo que ESTAREI PRESENTE NA ASSEMBLEIA E VOTO COM A RAZÃO EM RETORNAR ÀS AULAS. A EMOÇÃO será o que me motiva a continuar na luta e realizar outras formas de protestos sem que os prejudique ainda mais no quesito EDUCAÇÃO.

Rodrigues

08/06/2015.